ARQUITETURA VIRTUAL : A produção do Espaço Cenográfico
Esse estudo nasceu há onze anos, quando estudante de arquitetura e bacharel em cinema não encontrava estudos o suficiente que estudassem a fundo o mundo virtual que estava vendo surgir. Assim, tive a necessidade de analisar cinema e arquitetura sob um ponto de vista antropológico com enfoque nos cenários e no uso de símbolos adaptados para nossa cultura moderna. A quantidade de filmes que utilizam essas teorias, principalmente em cinema autoral, cresce à medida que se amplia o leque de possibilidades para se criar uma poesia visual que enche os olhos de cores e formas diversas que, eventualmente, são reproduzidas no mundo real.
Assim sabemos que, quando
passamos por uma ponte no Brasil idêntica a ponta do Brooklin nos Estados
Unidos, ela não foi feita como uma simples cópia estrutural, mas sim uma cópia
de todas as ideologias que se insere na construção dessa ponte e de toda a sua
representação simbólica para o desenvolvimento tecnológico do mundo moderno.
Como é sabido e sempre
comentado, já não se sabe mais o que é real e o que é virtual, principalmente
quando surgem as vivências do “Second Life”. O mundo contemporâneo perde a
autonomia da realidade e convive, como há muito tempo atrás as sociedades
primitivas conviviam, uma dimensão virtual que considera o ainda não visível,
não real, como verdadeiro, por já ter implícito tudo aquilo de que precisará
para a sua concretização.
Esta parece ser
uma forma de recuperar a dimensão simbólica da arquitetura e do urbanismo que
foi perdida no desenvolvimento tecnológico da construção e que agora urge ser
restaurada, porque as formas de percepção do mundo mudam rapidamente, e mudam
por meio das artes, principalmente daquelas expressões que possibilitam as
vivências espaciais, e o cinema é uma delas.
A partir da proposta de analisar filmes através da antropologia para
explicar porque alguns cenários são tão marcantes. Como por exemplo, a
revolução cibernética que o filme “Metrópolis”, de Fritz Lang, mostra prédios
gigantescos e robôs humanoides como uma visão do futuro, influenciando
inclusive projetos arquitetônicos que foram concebidos mais de quarenta anos
após o filme. Podemos dizer que sua cenografia mudou o futuro da arquitetura e
preparou a percepção do homem para as possibilidades de um novo mundo, onde a
tecnologia assumiria o comando alterando o comportamento dos indivíduos e
influenciando as formas dos objetos e a criação dos espaços habitáveis.
A relação entre o interior e
o exterior, presente no “Último Tango em Paris”, de Bernardo Bertolucci,
reflete a dualidade de público e privado, a liberdade íntima e as rédeas da
sociedade, mostrando a necessidade dos “escondidos” – lugares, desejos,
perversões, etc – que complementam a formação do homem contemporâneo. Ainda
hoje, os interditos ditam e normatizam os comportamentos, e aquilo que não é
parte do senso comum deve ficar escondido, numa dimensão privada. Talvez aí
resida o “medo” de algumas pessoas com as propostas abertas da arquitetura
contemporânea
Seguindo por essa linha, é
utilizada uma filmografia específica de enfoque cenográfico para exemplificações
de alguns temas.
Então, este estudo considera o
olhar antropológico para levar-nos a uma reflexão sobre a concepção do espaço
cenográfico e dos símbolos culturais que criam ou representam uma forma de
urbanismo virtual.
Para tanto, é estudado alguns
símbolos, suas origens, características e suas representações, para descrever
como o cinema se aproveita desses conceitos e os transformar em realidades na
película, criando verdadeiras cidades imaginárias. Tanto no cinema quanto na
arquitetura o espaço virtual cultural se deixa transparecer e pode influenciar
toda uma geração de arquitetos e pensadores.
ARQUITETURA VIRTUAL : A produção do Espaço Cenográfico
Comentários
Postar um comentário