Malhando com Ódio
Eu odeio ir para a academia, ir malhar, puxar peso, ficar suando entre um monte de estranhos e ‘perdendo tempo’ ao invés de fazer coisas que gosto e me divertem.
Porém, reconheço que malhar tem benefícios,
não apenas os estéticos (que, pelo visto devem dar algum retorno, afinal
influencers fitness nunca estiveram tão em alta), mas principalmente saindo de
uma pandemia os exercícios são essenciais para se recuperar do sedentarismo do
home office, do acasulamento social e para quem pegou as doenças, para
recuperar os pulmões da melhor forma possível.
Continuo não gostando de malhar.
Meu recorde de frequência em academia foi
de dois anos. Conseguia intercalar entre musculação e natação, conseguia ir
três vezes por semana em um horário que tinha apenas eu na academia, assim,
tinha atenção do professor e os equipamentos ficavam limpos e sem suor alheio.
Porém, na primeira oportunidade de ficar em
casa, não hesitei e curti meu sofá por sete anos. Lembro que a Netflix teve uma
boa parcela de culpa nisso.
Confesso que foram anos me perguntando ‘por
que, diacho, O Poder do Habito não funciona comigo?’ Segundo o escritor Charles
Duhigg após 21 dias nosso cérebro se modifica e se ‘acostuma’ a fazer coisas
novas, criando esse hábito.
Confesso que tentei isso de várias formas.
A questão do autocuidado me pega muito. Eu me proponho a passar mil cremes no
rosto antes de dormir. Faço por três meses e depois de um dia de falha... esqueço
por mais cinco anos. Beber água, então, nem te conto. Nem aqueles lembretes de
celular funcionam.
Uma rotina de exercícios, então? Bom...
A questão é que estou me forçando para
fazer algo que não gosto, que considero perda de tempo e faço com imenso
desprazer. O hábito que crio está intrinsecamente ligado a um sentimento ruim,
uma tortura.
Me perguntam se eu não consigo encontrar
algo que me agrade na academia? Na realidade, eu sou uma pessoa introvertida e
bastante metódica. Estou trabalhando para relaxar esses aspectos, mas é verdade
que quando preciso conversar com alguém para alternar um equipamento eu fico
zangada com preciosos minutos que se passam enquanto estou esperando o colega.
Sem contar o silêncio constrangedor ou a conversa de elevador.
Dentro da academia posso não encontrar algo
que me agrade imediatamente, mas consegui propor algo diferente.
Vou escrever sobre a minha experiência, nem
que seja pra descobrir que só malho na força do ódio e pensando em quantos
brigadeiros vou poder comer para compensar o sofrimento. Afinal, sou escritora,
amo escrever e talvez me tornando um objeto de estudo seja uma maneira de
cumprir um ano de malhação.
Espero não morrer no meio do caminho.
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